A radioactividade, um fenómeno inegavelmente poderoso no mundo da física nuclear, desempenha um papel crítico na indústria da energia nuclear.
A energia nuclear tem sido uma fonte de interesse e debate, devido à sua capacidade de fornecer uma fonte de energia altamente concentrada e relativamente limpa. No entanto, esta fonte de energia acarreta riscos consideráveis, que decorrem em grande parte da natureza da própria radioactividade.
Neste artigo explicaremos cuidadosamente o conceito de radioatividade, a sua importância na geração de energia nuclear e as implicações em termos de segurança que isso acarreta.
O que é radioatividade?
A radioatividade é uma propriedade que alguns elementos químicos possuem devido à instabilidade de seus núcleos atômicos. Esses elementos são chamados de “radioisótopos” e emitem espontaneamente partículas subatômicas ou radiação eletromagnética em um processo conhecido como decaimento radioativo ou decaimento radioativo.
O decaimento radioativo ocorre em núcleos atômicos instáveis. Ou seja, aqueles que não possuem energia de ligação suficiente para manter o núcleo unido.
Tipos de radioatividade: Alfa, Beta e Gama
A radioatividade se manifesta em três formas principais: alfa (α), beta (β) e gama (γ), cada uma com características e propriedades únicas.
Radiação alfa (α)
As partículas alfa consistem em núcleos de hélio, compostos por dois prótons e dois nêutrons.
Estas partículas são relativamente grandes e pesadas em comparação com outras formas de radiação, tornando-as pouco penetrantes. Na verdade, uma simples folha de papel ou mesmo a epiderme humana podem efetivamente impedir as partículas alfa.
No entanto, se inalados ou ingeridos, podem ser perigosos, pois podem danificar as células em contato direto com os tecidos internos.
Radiação beta (β)
A radiação beta envolve partículas de alta energia: elétrons (β-) ou pósitrons (β+). Essas partículas são menores e mais leves que as partículas alfa e possuem maior capacidade de penetração.
As partículas beta podem passar através da pele e dos tecidos, mas são bloqueadas por materiais como vidro ou plástico. A radiação beta também pode ser perigosa se material radioativo for ingerido ou inalado.
Radiação gama (γ)
A radiação gama vem na forma de raios eletromagnéticos altamente energéticos, semelhantes aos raios X, mas com energia mais elevada.
Os raios gama são altamente penetrantes e podem passar através de materiais densos, como chumbo ou concreto. Devido à sua alta energia e capacidade de penetração, a radiação gama é especialmente perigosa para os seres humanos e requer medidas de proteção adequadas em ambientes de exposição.
Origem da radioatividade: natural e artificial
A radioatividade pode ter origem natural ou artificial:
Radioatividade natural
A radioatividade natural é inerente à Terra e ao nosso meio ambiente; ocorre na natureza devido a cadeias de elementos radioativos naturais de origem não antropogênica.
Alguns elementos, como urânio, tório e rádio, possuem isótopos instáveis que decaem com o tempo, emitindo radiação. A radiação de fundo natural é a exposição constante e baixa a esta radiação que todos nós experimentamos na vida cotidiana.
A radiação de origem natural foi descoberta por acaso por Antoine-Henri Becquerel. Mais tarde, com os experimentos de Becquerel, Marie Curie descobriu outras substâncias radioativas.
Radioatividade artificial
Radioatividade artificial é qualquer radioatividade ou radiação ionizante de origem humana. Envolve a criação de radioisótopos por meio de bombardeio nuclear ou processos de irradiação. Esses radioisótopos são utilizados em diversas aplicações, como medicina e geração de energia nuclear.
Um exemplo de radioatividade artificial é aquela gerada na medicina nuclear ou nas reações de fissão nuclear de usinas nucleares para obtenção de energia elétrica.
Aplicações na ciência
A radioatividade tem uma ampla gama de aplicações benéficas em diferentes campos:
Medicina: a medicina nuclear utiliza radioisótopos para diagnóstico (tomografia por emissão de pósitrons - PET) e tratamento (radioterapia) de doenças como o câncer.
Datação radiométrica: A datação radiométrica é usada em geologia e arqueologia para determinar a idade de objetos e rochas, com base na quantidade de radioisótopos presentes.
Inspeção e testes não destrutivos: A radiografia industrial utiliza raios X ou radiação gama para inspecionar materiais sem danificá-los fisicamente, essencial na indústria e na construção.
Geração de energia: A energia nuclear fornece uma fonte de eletricidade limpa, embora com desafios na gestão de resíduos e na segurança.
Perigos para a saúde humana e o ambiente
A radioatividade, apesar da sua utilidade em diversas aplicações, apresenta riscos significativos tanto para a saúde humana como para o ambiente.
Riscos para a saúde humana
Danos celulares e risco de câncer
A exposição à radiação ionizante, como a emitida por materiais radioativos, pode danificar as células e o DNA do corpo humano. A longo prazo, isto pode aumentar o risco de desenvolver cancro.
O grau de risco depende de vários fatores, incluindo a dose de radiação e a duração da exposição. As radiações alfa, beta e gama podem ter efeitos nocivos para a saúde humana se não forem devidamente controladas.
Efeitos agudos e crônicos
Além do risco de câncer, a exposição aguda a altas doses de radiação pode causar efeitos imediatos, como danos a tecidos e órgãos, síndrome de irradiação aguda e, em casos extremos, morte, como aconteceu com Hisashi Ouchi no acidente de Tokaimura.
Por outro lado, a exposição crónica a baixas doses de radiação pode causar efeitos não imediatos, como doenças cardiovasculares ou cataratas.
Riscos ambientais
Poluição radioativa
A liberação descontrolada de materiais radioativos no meio ambiente pode resultar em contaminação radioativa.
Isto pode ocorrer em desastres nucleares, acidentes industriais ou durante a gestão inadequada de resíduos radioactivos. Dois exemplos que ilustram este perigo são os acidentes nucleares de Chernobyl e Fukushima.
A contaminação radioativa pode afetar a vida selvagem, os ecossistemas aquáticos e terrestres e a cadeia alimentar, com impactos a longo prazo na biodiversidade e na saúde ambiental.
Resíduos radioativos
A geração de energia nuclear e outras aplicações radioativas produzem resíduos radioativos, alguns dos quais têm meia-vida extremamente longa.
A gestão segura destes resíduos é um grande desafio, pois devem ser armazenados de forma segura durante milhares de anos para evitar a contaminação do ambiente e a exposição à radiação.